LP Onze Cantos RARIDADE
O preço original era: R$400,00.R$250,00O preço atual é: R$250,00.
Receita de Vítola e Marinho
Pegue um poeta inspirado é um violeiro tipo exportação.
Não. Não vou refazer “Receita” a canção da dupla que foi mais longe até agora. Falo da formação de cada um, a composição dos compositores, e do lugar que eles ocupam em nosso “panaroma” musical.
Na música popular curitibana (abram alas, “uber alles!), a parceria de Vítola e Marinho sucedeu como um acorde perfeito maior, maravilha qualquer, misteriosamente, feito todas as parcerias nesse velho mundo novo desparceirado.
Vítola: homem de texto como poucos, poeta desde sempre, também músico e compositor solitário, com um passado sonoro de muitas canções, afeito ao comércio com os grandes mestres da poesia e da música popular brasileira, Drummond, Cartola, João Cabral, Elton Medeiros, Manuel Bandeira, Chico Buarque, Vinícius de Moraes, João Gilberto, Mário Quintana, tutti buona gente.
Marinho: tinha que ser do interior de São Paulo, terra de violeiros, rica de Substância musical popular, sofisticando seus traços de origem, numa síntese, em seis ou doze cordas, de todas as vibrações que atravessam nosso campo acústico.
Trabalhador musical incansável, — Marinho é ativo também no front de música para show e teatro, um dos terrenos favoritos de Vítola, por sinal (estão aí a sua “Cidade sem Portas,’ sua “Curitiba Velha de Guerra,’ seu “Diário de Bordo,’ com ou sem Marinho, Vítola prefere com, vestígios claros da existência de música inteligente no planeta Curitiba).
A dupla foi uma das almas do MAPA, Movimento Atuação Paiol, série de shows-mutirão, no Teatro Paiol, saque de Vitola, que roteirizou, dirígiu e animou os dois primeiros MAPA (eu fiz o roteiro do terceiro e último show, quando Vítola, em 75, foi para o Rio numa entrada & bandeira). Os shows do MAPA arrebanharam os mais notórios compositores populares da cidade, no intento de “colocar a música popular cCuritibana e paranaense no mapa do Brasil!’ Se conseguiu ou vai cons?uif. ainda é cedo para dizer. Não tem dúvida que uma porção de coisa nasceu com os MAPA, principalmente, uma identidade e uma consciência própria nos participantes e nalgum público, principalmente, o pique de prosseguir em muitos dos mapeadores (ou mapeados?).
O percurso de Vítola e Marinho, a essas alturas, já não se distingue da batalha por um lugar ao sol para o som e a voz deste sul ternperado, imigrante e elétrico, caboclo e industrial, em busca do seu rosto, seu caráter próprio e seu cantar, o rosto e o cantar do Paralelo 24, onde Vítola, numa canção, descobriu sua terra.
Nas canções da dupla, a música de Marinho, concentrando cada vez mais suas forças harmônicas, melódicas e rítmicas, em líquidas arquiteturas de fino filão, e a poesia de Vítola fundem-se numa síntese original. Espaço de Vítola, tempo de Marinho. Este disco.
Paulo Leminski
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